Bactérias: tudo o que você precisa saber sobre elas

Acredite: você é composto por várias delas e deveria agradecer pela sua existência. Te contamos mais sobre esse universo a seguir!

Luana Araujo
Publicado em 22/05/2025 - 18:01 - Revisado em 10/06/2025 - 13:42

Habitamos um planeta longevo, um idoso de respeito que já soma a singela idade de 4,5 bilhões de anos. Por conta desse número impressionante, é praticamente impossível cravar de forma definitiva qual foi a primeira forma de vida por aqui – e que possivelmente tem relação com todas as outras que vieram na sequência. Mas algumas hipóteses são levantadas com certa segurança pela ciência e a palavra “bactéria” constantemente surge nessas possibilidades.

Invisíveis ao olho nu e sem um único formato dominante – apesar do seu significado original ser “bastão”, do grego “bakterion” -, ela existe na história da Terra há 3,5 bilhões de anos, segundo estudos recentes. Apelidada de LBCA (Last Bacterial Common Ancestor, ou “último ancestral em comum das bactérias”), ela era provavelmente da família dos bacilos – um tipo muito frequente desse e que pode ou não ser nocivo à saúde humana.

A reprodução das bactérias

Parte do seu sucesso é atribuído à sua alta capacidade de reprodução. Para o site do médico Drauzio Varella, o professor e pesquisador em microbiologia e imunologia Luiz Trabulsi menciona que, antes de mais nada, haviam já esses microorganismos, de forma que pode-se dizer que eles “prepararam a Terra para ser habitada por todos os demais seres vivos.”

O sucesso para sua adaptação se deu por vários motivos e o fato de se multiplicarem rapidamente é um deles. “A Escherichia coli, por exemplo, forma uma geração nova a cada 20 minutos”, relata o pesquisador. Sua capacidade de adaptação também impressiona. Ela pode se dar por meio de mutações, troca de material genético, de forma assexuada, em qualquer temperatura, tipo de ambiente, intensidade de luz e quantidade de oxigênio… Elas são versáteis e engajadas na causa de se tornarem várias!

Por dentro de uma bactéria 

Como foi dito anteriormente, não há um único tipo ou formato definitivo de uma bactéria, já que há milhares de tipos no mundo e muitos ainda nem foram catalogados. Sua classificação pode se dar por diferentes critérios: nomes científicos, gênero e subespécies, pela coloração que adquirem quando entram em contato com produtos químicos dentro de um processo chamado “coloração de Gram”, pelas suas formas (espirais/espiroquetas e bastonetes/bacilos e esféricas/cocos).

Elas podem ainda serem classificadas a partir da sua necessidade de oxigênio para viver e crescer. Aquelas que precisam de oxigênio são chamadas de aeróbicas, e as que não precisam ou que tem até dificuldade de viver ou crescer na presença de oxigênio são chamadas de anaeróbias. As bactérias facultativas conseguem viver em ambos os ambientes. 

Elas vivem em todos os ambientes que se possa imaginar: do solo, passando pela água do mar e até as profundezas da crosta da Terra. Isso inclui,também, o nosso próprio organismo e de outros seres vivos, afinal, as bactérias vivem sobre e dentro do corpo das pessoas, dos animais, sobre a pele, nas vias respiratórias, na boca e nos tratos digestivo, reprodutivo, urinário, entre outros. 

As bactérias nocivas 

E você agora deve estar pensando: eu tenho bactérias dentro de mim? O que devo fazer para exterminá-las? Esse pensamento é comum, já que crescemos aprendendo que bactérias são negativas e que, para acabar com elas, é preciso tomar antibióticos. De fato, algumas delas são bastante nocivas e nos trazem doenças das mais simples às mais complexas e são chamadas de patógenos (do grego “pathos”, que significa “doença” e “genos”, que significa “produtor” ou “origem”).

Infecção urinária, meningite, tuberculose, infecções sexualmente transmissíveis como sífilis e gonorreia, botulismo, leptospirose, coqueluche, pneumonia, tétano, febre tifoide, salmonelose e até uma sinusite bacteriana causada por uma agravamento de uma infecção viral como gripes ou resfriados. A lista é extensa e, para cada um dos nomes citados, já existem medicamentos eficientes para combatê-las. 

Mas esse é também um problema. O uso indiscriminado dos antibióticos podem torná-las resistentes a eles, abrindo espaço para que o crescimento dessas populações e para o surgimento de infecções difíceis de tratar ou mesmo algumas que já são consideradas intratáveis. Este é um dos maiores problemas atuais na saúde global, com a previsão de ser causa de 10 milhões de óbitos anuais até 2050, segundo a Organização Mundial de Saúde. Inclusive, foi essa questão que motivou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2010 a controlar a venda de antibióticos e exigir receita para a liberação dos medicamentos em farmácia. 

As bactérias boas 

Se falamos do lado ruim das bactérias, agora é hora de defendê-las um pouco. Lembra que elas moram dentro da gente? Agradeça por isso todos os dias! O chamado microbioma (do grego “mikros”, que significa “pequeno” e “bios”, “vida”) é a população desses microrganismos que garantem o equilíbrio e o bom funcionamento de diversas das nossas funções vitais – sobretudo no trato gastrointestinal. 

São mais de milhões delas – alguns especialistas estimam que sejamos compostos por mais bactérias do que células humanas – trabalhando exaustivamente todos os dias para que você consiga digerir alimentos, por exemplo, ou até para evitar que bactérias mais perigosas cresçam. Esse processo é chamado de homeostase, que significa o equilíbrio constante das nossas funções biológicas.

Em sua ausência, há a chamada disbiose (do grego “dis”, que traduz por “mau” ou “difícil” e “bios”, que, como já vimos, significa “vida”), que é o desequilíbrio dessa população e que pode gerar sintomas como desconforto abdominal, gases, diarreia, náuseas e vômitos, além de cansaço e irritabilidade. A disbiose é fruto de múltiplas causas, como dieta pouco saudável, estresse crônico, algumas alergias alimentares ou doenças crônicas gastrointestinais, idade ou fatores genéticos e ambientais.

Além disso, o uso excessivo de antibióticos também pode gerar esse desequilíbrio, já que o medicamento extermina todo tipo de bactéria vulnerável a ele, sem fazer a distinção das boas e ruins. E, claro, a exposição a patógenos – e aqui, podem ser vírus ou parasitas também -, afeta o microbioma. 

Priorizar alimentos com fibras e/ou probióticos, manter uma boa hidratação, fazer atividades físicas regulares, evitar medicações desnecessárias e exposição extrema ao estresse, entre outras boas práticas, é o que vão garantir que esse universo que habita a todos nós esteja operando em perfeita harmonia, trazendo conforto e mais saúde para a sua vida.