Entenda por que a gripe aviária em aves ainda é motivo de atenção

Registros de novos casos no Brasil em 2025 acendem alerta para a gripe aviária. Mesmo com risco baixo de transmissão para humanos, alguns cuidados são importantes.
Luana Araujo
Publicado em 29/08/2025 - 20:45

A gripe aviária voltou a ser destaque após o registro de casos em aves no Brasil. O país teve o primeiro caso da doença em uma granja comercial em maio de 2025, no município gaúcho de Montenegro, o terceiro maior produtor e exportador de carne de frango brasileira. Neste ano, Mato Grosso e São Paulo também confirmaram focos da doença. Mas por que não devemos ignorar esses casos registrados em aves?

Embora o risco de transmissão para humanos seja baixo, é fundamental manter medidas de biossegurança e vigilância sanitária. Isso porque, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o vírus Influenza A/H5 está em constante evolução e tem potencial de se tornar transmissível de pessoa para pessoa. Caso isso aconteça, poderia acontecer uma nova pandemia de influenza, como as de H1N1 de 1918 e 2009. 

A transmissão para humanos é possível após contato próximo com a ave infectada ou suas fezes, estando o animal vivo ou não. Ou seja, quando acontece um caso de gripe aviária em uma ave de criação, a orientação atual é que todas devem ser sacrificadas para conter a disseminação do vírus. Foi o que aconteceu na granja de Montenegro.

No local, 17 mil aves foram abatidas e todos os produtos e subprodutos (como ovos e embalagens) destruídos. Autoridades sanitárias também instalaram barreiras em um raio de 10 km do foco de contaminação, e 540 estabelecimentos dentro desse perímetro passaram por inspeções rigorosas. O objetivo é conter o vírus antes que ele se espalhe.

Como as aves contraem a gripe aviária?

Aves são hospedeiras naturais do vírus da influenza aviária, que pode ser transmitido durante as migrações – especialmente por aves aquáticas selvagens, como gansos, pelicanos e garças. A disseminação ocorre por meio de aerossóis respiratórios, muco e fezes, o que também expõe aves domésticas, como galinhas e perus, ao risco de infecção.

Entre os sintomas observados em aves infectadas estão espirros, secreção nasal, andar cambaleante, tosse, sangue em regiões sem penas e queda na produção de ovos. Em alguns casos, há hemorragia grave em até 24 horas, podendo levar à morte de todas as aves do local. 

Prevenção: todo cuidado é pouco

Segundo a OMS, quando atinge seres humanos, a gripe aviária pode ser grave e ter uma taxa de letalidade de até 53%. Diante disso, a prevenção é essencial. Veja as principais recomendações:

  • Lave as mãos com frequência;
  • Use máscara se estiver com sintomas gripais;
  • Mantenha distanciamento social em caso de doença;
  • Procure atendimento médico se houver dificuldade para respirar;
  • Faça teste de influenza (PCR ou molecular) se tiver sintomas suspeitos;
  • Cozinhe bem carne de frango e ovos (mínimo de 75 °C);
  • Evite consumir carnes ou ovos crus ou malcozidos;
  • Nunca consuma carne de animais doentes ou que tenham morrido inesperadamente.

Se você trabalha diretamente com aves, utilize sempre luvas e equipamentos de proteção individual (EPIs). Evite o contato direto com animais doentes ou mortos, e troque de roupa após o manejo das aves. Informe ao setor responsável qualquer observação sobre comportamento ou sintomas inesperados nas aves com as quais trabalha.

E o Brasil, tem vacina contra a gripe aviária?

Desde 2011, o Instituto Butantan monitora cepas do vírus com potencial pandêmico e trabalha no desenvolvimento de uma vacina contra a gripe aviária. Embora o país nunca tenha registrado casos da doença em humanos, o instituto já solicitou à Anvisa autorização para iniciar os testes clínicos — uma medida preventiva importante, considerando que infecções humanas já foram registradas em outros países.

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