“Você não pode nos ver, mas nós florescemos ao seu redor, por todo lugar, em tudo, até mesmo dentro de você”. Essa é uma das frases que abrem o documentário “Fungos Fantásticos”, disponível na rede de streaming Apple TV e que relata um pouco desse fantástico ecossistema invisível que nos cerca e rege muito do que é fundamental para nossa existência sem que a gente perceba.
E a frase não poderia ser mais verdadeira: os fungos estão por toda a natureza e isso inclui, é claro, o corpo humano. Afinal, apesar de nossas falhas (e pouco inteligentes) tentativas ao longo dos séculos de nos tornarmos algo à parte, seguimos fazendo parte indissociável da natureza que nos cerca. A seguir, vamos entender um pouco mais sobre esse organismo!
O que são fungos?
Nem plantas, nem animais e nem vegetais – como já foram classificados um dia -, os fungos são organismos vivos que possuem um reino para chamar de seu: o reino Fungi. Nesse reino, há os mais variados tipos dessas criaturas, dos microscópicos, como as leveduras, até os maiores, como os cogumelos ou os gigantes.
O maior ser vivo da terra, aliás, é um fungo. Nomeado como “Armillaria ostoyae” e apelidado de “Humongous fungus” (“fungo gigante”, em tradução livre), ele ocupa uma área de cerca de 9 km², equivalente a 900 campos de futebol. na Floresta Nacional Malheur, na região das Blue Mountains, no estado norte-americano do Oregon. Ainda, estima-se que ele pese 35 mil toneladas e tenha cerca de 2.500 anos.
Estrutura e reprodução dos fungos
Há duas formas dos fungos se reproduzirem. A forma assexuada é quando não é preciso um outro semelhante para que isso aconteça, e ela se dá pelo brotamento, fragmentação ou produção de esporos. Quando a reprodução for sexuada, é preciso que haja o encontro entre dois fungos de sexos diferentes.
Por fim, seu corpo pode adquirir diferentes formas e ser multicelular, mas há os unicelulares, chamados de leveduras. Eles são formados pelo micélio, composto por uma espécie de longos fios chamados hifas – e é aquilo que causa o bolor, por exemplo -, e o corpo de frutificação, que é justamente a sua estrutura reprodutiva.
Reciclagem natural e impacto para a nossa existência
Terrestres, aquáticos, presentes no ar e dentro do nosso corpo, eles estão por toda a parte e são heterótrofos. Isso significa que eles não produzem seu próprio alimento e dependem da ingestão de outras matérias orgânicas, sejam elas vivas ou mortas, para sobreviver e se reproduzir. Isso é parte da sua importância para o planeta, pois alimentar-se de matéria orgânica morta ajuda na decomposição de animais e vegetais e no equilíbrio do ecossistema.
Apesar de ser positiva para o ambiente, essa ação pode ser prejudicial para os seres humanos. A nível mais prático e superficial, ele pode mofar nossos objetos, comidas e paredes, situação comum que todos já vivemos em algum momento. Mas a nível mais profundo, aspirar esse mofo, por exemplo, pode trazer complicações respiratórias, principalmente em pessoas com sistema imunológico enfraquecido.
Outras relações entre fungos e seres humanos
Os fungos ainda podem trazer complicações para a pele, como é o caso das micoses dermatológicas, ou para algumas áreas específicas como a boca ou até a microbiota vaginal, que podem sofrer de candidíase, infecção causada pelo fungo Candida. Há uma infinidade de outras infecções fúngicas possíveis e que podem afetar olhos, fígado, cérebro, entre outras partes do corpo. Habitualmente, quanto mais enfraquecido está o sistema imunológico de alguém, maior a chance de enfrentar infecções como estas, que são então chamadas “infecções oportunistas”.
Mas, essas infecções podem ser também primárias, ou seja, podem ocorrer em indivíduos com sistema imunológico normal que, sem saber, inalou os esporos dos fungos. Elas são menos comuns, mas podem trazer consequências tão graves quanto as oportunistas.
Os fungos amigos dos seres humanos
Como para tudo há dois lados, os fungos também podem ser muito úteis para nossa saúde. Eles estão na composição de alguns dos medicamentos mais importantes para a história da saúde humana, como é o caso da penicilina, o primeiro antibiótico descoberto (1928) e usado em humanos (1940). Além disso, já que eles também se alimentam de bactérias, podem estar presentes em alimentos benéficos para o nosso corpo, como os alimentos probióticos, que ajudam a manter nossa microbiota intestinal equilibrada.
E se o assunto é comida, os fungos ainda são responsáveis pelos fermentos e pela fermentação, processos tão importantes para a existência de diversas opções de alimentos como a cerveja, vinhos, pães e alguns queijos. Por fim, ele pode ser por si só um alimento nutritivo e saboroso em seu formato de cogumelo.
O shitake e o shimeji são seguros para consumo e ótimas opções proteicas para os vegetarianos. Mas, atenção: nem todo cogumelo pode ser ingerido e alguns podem ter propriedades alucinógenas ou tóxicas. Pesquise antes de colocar em seu prato e aproveite para mergulhar nesse outro universo à parte que são os cogumelos. O mundo é muito amplo, cheio de surpresas escondidas e uma natureza esplendorosa que pode nos assustar e nos fascinar na mesma medida!