Pneumonia silenciosa: sem sintomas clássicos, doença pode ser perigosa

Sem os sintomas clássicos, a pneumonia silenciosa é preocupante justamente pela dificuldade em perceber os sintomas e ter um diagnóstico
Luana Araujo
Publicado em 11/07/2025 - 15:08

Em um dia, você acorda indisposto, com um leve incômodo na garganta e tosse seca. Toma um antigripal e segue a vida. Dias depois, a tosse persiste, surge uma dor discreta ao respirar fundo e, ao procurar atendimento médico, vem o diagnóstico inesperado: pneumonia silenciosa. Mas afinal, o que é essa doença?

A chamada pneumonia silenciosa é uma infecção pulmonar que não apresenta os sintomas clássicos da forma mais conhecida da doença – como febre alta, dor no peito e tosse com catarro – e, por isso, pode passar despercebida até atingir estágios mais graves. Essa dificuldade de percepção preocupa especialistas, pois atrasa o diagnóstico e o início do tratamento. 

Causas e confusão com outras doenças

A pneumonia silenciosa pode ser causada por bactérias como Mycoplasma e Chlamydophila, além de vírus respiratórios como os da gripe (influenza) e o coronavírus (SARS-CoV-2). Por ter início sutil e sintomas leves, é comum que ela seja confundida com um resfriado ou gripe comum.

Essa semelhança pode fazer com que o paciente demore a procurar ajuda médica, o que aumenta o risco de complicações e até hospitalização.

Sinais de alerta

Como os sintomas mais evidentes aparecem apenas nos estágios avançados, é importante estar atento aos pequenos sinais. Em crianças, o cuidado deve ser redobrado. Pais e responsáveis devem observar:

  • Falta de apetite ou recusa alimentar;
  • Desânimo para atividades que a criança normalmente gosta;
  • Chiado no peito;
  • Redução na frequência urinária;
  • Febre baixa persistente;
  • Retração da costela (quando a criança parece fazer força para respirar).

Em adultos, sinais como tosse seca prolongada, mal-estar geral, cansaço fora do comum ou desconforto ao respirar fundo devem ser levados a sério.

Quando procurar ajuda?

Ao notar qualquer sintoma respiratório persistente ou que pareça fora do comum, procure atendimento médico. Confiar no seu instinto também é importante: se algo parece errado demais para ser apenas um resfriado, vale investigar.

O diagnóstico costuma envolver avaliação clínica, ausculta pulmonar, radiografia do tórax e exames laboratoriais. Com essas ferramentas, o profissional poderá indicar o tratamento mais adequado.

E depois do diagnóstico?

Com o diagnóstico confirmado, o tratamento normalmente envolve antibióticos da classe dos macrolídeos, usados para combater infecções bacterianas. É essencial seguir todas as orientações do médico, inclusive completar o ciclo do medicamento até o fim — mesmo que os sintomas desapareçam antes.

Além disso, hábitos simples de higiene continuam sendo aliados importantes na prevenção, como lavar bem as mãos, evitar aglomerações e cobrir a boca ao tossir ou espirrar. Essas atitudes ajudam a evitar o contágio, já que a transmissão também pode ocorrer por gotículas e superfícies contaminadas.

Existe vacina?

Embora não exista uma vacina específica contra a pneumonia silenciosa, a vacina pneumocócica é altamente recomendada para crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. Manter as vacinas contra gripe e covid-19 atualizadas também ajuda na prevenção de quadros graves e complicações.

Esses imunizantes estão disponíveis gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou em clínicas particulares.

Um problema mais comum do que se imagina

Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), os casos de pneumonia silenciosa representam 30% a 40% do total de pneumonias no Brasil. A estimativa é de um a quatro casos assintomáticos para cada mil pessoas – o que mostra que essa condição é mais comum do que muitos imaginam.

Diante de sintomas sutis, a recomendação é clara: fique atento, ouça seu corpo e busque ajuda médica sempre que algo parecer fora do normal. A atenção aos detalhes pode fazer toda a diferença para evitar complicações e garantir um tratamento eficaz.