PrEP e PEP: o que você precisa sobre essas formas de prevenção do HIV

Saiba o que são e quando tomar cada uma das medicações contra o HIV
Luana Araujo
Publicado em 11/07/2025 - 15:01 - Revisado em 31/07/2025 - 15:22

No Brasil, país referência no assunto, o vírus HIV é levado a sério. O Ministério da Saúde – por meio do Departamento de HIV, AIDS, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (Dathi/SVSA) – divulgou recentemente o Boletim Epidemiológico de HIV e AIDS 2024, pesquisa importante que visa unificar os dados sobre a doença e possibilitar o desenvolvimento de mais políticas públicas sobre o tema.

Os dados apontam que, em 2023, houve um aumento de 4,5% nos casos de HIV em comparação ao ano anterior. Isso causa uma sensação de alerta, mas também pode revelar uma maior capacidade de diagnóstico dos serviços de saúde. Felizmente, a taxa de mortalidade por AIDS dos novos dados diminuiu na última década e passou de 5,7 em 2013 para 3,9 óbitos por 100 mil habitantes em 2023.

A pesquisa indica que 70,7% das pessoas diagnosticadas foram do sexo masculino, 63,2% dos casos ocorreram em pessoas pretas e pardas e 53,6% em homens que fazem sexo com homens. A faixa etária com mais casos, 37,1%, é a de 20 a 29 anos de idade, sendo que, no sexo masculino, a mesma faixa etária concentra 41% dos casos. 

A PrEP

Ao Ministério da Saúde, Draurio Barreira, diretor do Dathi, pontuou que o aumento da capacidade de diagnóstico está diretamente relacionado às ações de ampliação da oferta de insumos de prevenção. Em particular, ele destaca a profilaxia pré-exposição, também conhecido como PrEP. Parece contraditório, mas não é.

“Em 2024, tivemos um aumento de 100% de usuários de PrEP, totalizando cerca de 109 mil usuários. Para entrar em PrEP, as pessoas precisam se testar. Somente com essa iniciativa, aumentamos exponencialmente nossa capacidade de diagnóstico e, inclusive, alcançamos mais uma meta de eliminação da AIDS como problema de saúde pública até 2030”, afirma a pasta.

Mas o que é essa ferramenta, afinal? A Profilaxia Pré-exposição é a prevenção feita por meio de duas medicações  (tenofovir + entricitabina) que são tomadas antes da relação sexual. Eles permitem que o seu organismo esteja preparado para enfrentar um potencial contato com o vírus do HIV, bloqueando os “caminhos” que o ele usaria para se instalar em seu corpo.

Ainda, existem duas modalidades de PrEP: a diária e a sob demanda. A primeira é indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade contínua ao HIV, seja pelo relacionamento com alguma pessoa vivendo com HIV/AIDS, porém com a doença não controlada (carga viral detectável), seja por um histórico de múltiplas infecções sexualmente transmissíveis; por uma questão de estilo de vida ou, ainda, por fatores como o uso de drogas, e exige que ela tome um comprimido das medicações combinadas todos os dias de forma contínua. 

Já na modalidade sob demanda, o paciente tomará dois comprimidos, mas somente quando tiver uma potencial exposição de risco de contato com o vírus. Para que funcione, o indivíduo deve tomar os 2 comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual. Após 24h da dose inicial com dois comprimidos, é preciso tomar mais um comprimido e outro 24 horas após essa segunda dose, totalizando 4 comprimidos ao longo da jornada. 

Essa dinâmica é indicada para pessoas que tenham relações sexuais com frequência menor do que duas vezes por semana e que consigam planejar quando elas irão ocorrer. Para fazer parte dessa prevenção, a pessoa realiza acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) por meio do SUS, como mencionou Draurio. 

De qualquer maneira, só faça o tratamento com a orientação de um profissional de saúde, pois para conseguir o efeito desejado, você precisará de uma concentração suficiente das substâncias ativas em sua corrente sanguínea para bloquear o vírus, e somente ele te dirá qual é essa quantidade. 

Em mulheres cisgênero, pessoas trans, não binárias designadas como sexo feminino ao nascer e/ou qualquer pessoa em uso de hormônio a base de estradiol, deve-se tomar o medicamento por pelo menos 7 (sete) dias para atingir níveis de proteção ideais no caso da PrEP diária, por exemplo. 

Já no caso dos homens cisgêneros, pessoas não binárias designadas como do sexo masculino ao nascer, travestis e mulheres transexuais – que não estejam em uso de hormônios à base de estradiol – e que usem PrEP, seja ela diária ou sob demanda, devem tomar uma dose de 2 (dois) comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual para alcançar níveis suficientes no organismo para relações sexuais anais.

Um ponto importantíssimo é que a PrEP protege apenas contra a infecção pelo vírus HIV, mas não tem efeito sobre nenhuma outra infecção sexualmente transmissível. Desta forma, o uso de preservativos deve ser sempre incentivado.

Mas e a PEP?

Agora que você já conhece a PrEP, é hora de entender do que se trata outro bem parecido: a PEP, ou a Profilaxia Pós-Exposição de Risco. Ela é uma medida de urgência utilizada em situação de risco à infecção pelo HIV, mas também existe para o vírus da hepatite B e para outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). 

Assim como sua “irmã”, ela também é um conjunto de medicamentos, mas aqui a ideia é reduzir o risco de adquirir essas infecções depois de já ter tido o sexo desprotegido. Eles devem ser iniciados o mais rápido possível – preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição de risco e no máximo em até 72 horas.

A pessoa deverá usar esses medicamentos por 28 dias enquanto é acompanhada pela equipe de saúde realizando os exames necessários para controle. Situações como violência sexual, relação sexual desprotegida com pessoa de status sorológico descohecido e acidente ocupacional com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico pedem por esse tipo de intervenção. 

Ambos os caminhos devem ser tratados sem tabus e utilizados ao menor sinal de sua necessidade. Mas, apesar de serem extremamente úteis e aliados importantes na luta contra o HIV, a camisinha e o sexo seguro seguem sendo fundamentais para quem quer viver protegido de um vírus que já conta com tratamento eficaz para uma vida com qualidade, mas segue sem cura no horizonte próximo da ciência.