Embora existam diversos cuidados essenciais durante a gestação – como vacinas, consultas de pré-natal e exames específicos para cada fase –, muitas gestantes vêm sendo impactadas pelo chamado “Protocolo Super Bebês”, uma tendência que viralizou nas redes sociais.
O protocolo propõe elevar o quociente de inteligência (QI) dos bebês por meio de uma “fórmula” composta por vitaminas e aminoácidos, aplicada por via endovenosa ou intramuscular durante a gestação. No entanto, especialistas alertam para os perigos desse tipo de prescrição sem indicação médica e para a total ausência de comprovação científica do método. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) chegou a emitir uma nota sobre o assunto.
Segundo a federação, práticas clínicas devem ser sempre baseadas em evidências científicas de qualidade. “Promessas infundadas, mesmo que com aparência de sofisticação, não substituem a boa medicina e podem expor as gestantes a riscos inaceitáveis. Recomendamos fortemente que condutas terapêuticas voltadas à gestação sejam sempre orientadas por especialistas”, diz a nota.
O texto, assinado por Lilian de Paiva Rodrigues Hsu, presidente da Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal da Febrasgo, destaca que tais práticas não têm respaldo em evidências científicas robustas, tampouco constam em diretrizes clínicas reconhecidas. “A adoção indiscriminada de suplementos e substâncias injetáveis na gestação, fora de indicações clínicas comprovadas, pode representar riscos sérios à saúde materna e fetal”, alerta.
Toda suplementação é perigosa?
De acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, a suplementação de ácido fólico e ferro é a única recomendada de forma geral durante a gestação. Outras intervenções devem ser indicadas exclusivamente após avaliação clínica individual feita por um profissional de saúde.
O uso indiscriminado de suplementos durante a gravidez, sem diagnóstico prévio e sem orientação médica, pode levar a intoxicações, sobrecarga hepática e renal e ainda mascarar deficiências reais que exigiriam tratamento adequado – além de causar danos à saúde do bebê.Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), a promoção sensacionalista desse tipo de protocolo também viola o Código de Ética Médica e a Resolução CFM nº 2.336/23, que proíbem a divulgação de tratamentos sem respaldo científico. Em nota, o Cremesp destacou que o pré-natal deve seguir as diretrizes do Ministério da Saúde e da Febrasgo, com base em evidências, segurança e responsabilidade profissional.