Tuberculose: novas recomendações reforçam testagem em pacientes imunossuprimidos

Diretrizes atualizadas priorizam diagnóstico preventivo em pessoas com doenças inflamatórias imunomediadas para evitar a reativação da doença
Luana Araujo
Publicado em 29/08/2025 - 20:44

O Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos atualizou, em conjunto com agências globais de saúde, as diretrizes para o tratamento da tuberculose. As novas recomendações reforçam a testagem em pacientes imunossuprimidos para evitar a reativação da doença.

A atualização foi feita a partir de dados recentes de ensaios clínicos para o tratamento de tuberculose suscetível e resistente a medicamentos. Isso porque a bactéria pode se tornar resistente a esses remédios caso não seja tratada adequadamente. Além do CDC, atuaram no estudo a Sociedade Torácica Americana (ATS), a Sociedade Respiratória Europeia (ERS) e a Sociedade de Doenças Infecciosas da América (IDSA).

Em resumo, as diretrizes atualizadas oferecem aos pacientes, principalmente pessoas com doenças inflamatórias imunomediadas (aquelas nas quais o sistema imunológico ataca o próprio corpo) e profissionais de saúde, regimes mais curtos, seguros e eficazes, com menos comprimidos e injeções. 

Risco de reativação da tuberculose

É necessário destacar que a tuberculose é uma das doenças infecciosas mais mortais do mundo, afetando milhões de pessoas todos os anos. Por isso, requer atenção rigorosa, especialmente em grupos vulneráveis.

Pessoas com doenças inflamatórias imunomediadas, como lúpus ou doença de Crohn, por exemplo, muitas vezes precisam de medicamentos que reduzem a atividade do sistema imunológico. Essa imunossupressão, no entanto, abre espaço para que infecções silenciosas, como a tuberculose latente, voltem a se manifestar.

Ao considerar isso, as novas diretrizes recomendam testagens mais rigorosas antes e durante o tratamento justamente para prevenir essa reativação, minimizando o risco de morte e reduzindo a transmissão. 

Na prática, o que muda?

As diretrizes de 2025 para o manejo da tuberculose recomendam tratamentos mais curtos e eficazes para a maioria dos casos, a fim de melhorar a adesão, reduzir efeitos colaterais e facilitar a cura. Confira as principais mudanças:

  • Se antes o tratamento da tuberculose sensível durava seis meses, agora existe uma nova opção de quatro meses para casos simples. Ela facilita a adesão dos pacientes e ajuda a prevenir a resistência aos medicamentos;
  • Regimes orais de seis meses para tuberculose resistente, substituindo tratamentos longos e injetáveis dolorosos;
  • Medicamentos mais novos, como bedaquilina e pretomanida, agora são incluídos para uma recuperação mais rápida com menos efeitos colaterais;
  • Testes moleculares rápidos agora são recomendados como primeira opção para diagnosticar a tuberculose. Eles permitem iniciar o tratamento correto em até dois dias, acelerando o cuidado e evitando atrasos dos métodos tradicionais;
  • Uso de tecnologias como aplicativos de lembrete de medicação e consultas por vídeo, fortalecendo o acompanhamento e a adesão dos pacientes;
  • Contatos próximos de pessoas com tuberculose passam a receber tratamento preventivo após triagem. A medida busca evitar que pessoas saudáveis desenvolvam a doença no futuro.

A partir de tratamentos mais curtos, rápidos diagnósticos e apoio ao paciente, as novas diretrizes representam um avanço importante no combate à tuberculose. Resta agora o desafio de transformar essas recomendações em prática cotidiana.

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