VSR: esse vírus é mais comum do que você imagina

Semelhante a um resfriados, o VSR - Vírus Sincicial Respiratório - pode ser perigoso para bebês, crianças pequenas e idosos
Luana Araujo
Publicado em 11/07/2025 - 15:00 - Revisado em 31/07/2025 - 15:22

O nome pode até ser pouco conhecido, mas a sua presença não nos deixa enganar: o Vírus Sincicial Respiratório, também conhecido pela sua sigla VSR, é a principal causa de infecções respiratórias como bronquiolite e pneumonia.

Ele é preocupante especialmente em bebês prematuros ou com menos de 6 meses, porque estas crianças têm, por definição, um sistema imunológico ainda imaturo e uma chance muito maior de nascerem com problemas cardíacos (cardiopatia congênita), pulmonares (displasias pulmonares) ou, ainda, dificuldades em mecanismos que podem torná-las mais vulneráveis a infecções, como a dificuldade para engolir ou se livrar de secreções naturais (que acontecem nos distúrbios neuromusculares).

No Brasil, segundo dados do SUS e do Ministério da Saúde, o VSR é responsável por 75% das bronquiolites (inflamação aguda dos bronquíolos terminais, que são os finos canais que conduzem o ar para dentro dos pulmões) e 40% das pneumonias (infecção dos pulmões). 

Ainda, segundo dados divulgados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o VSR se mantém como a principal causa de internação e óbitos em crianças pequenas e sendo responsável por 44.8% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em 2024. Também conhecida pela sigla SRAG, ela tem como causa possíveis infecções pelos vírus da influenza do tipo A e B, SARS-COV-2, bactérias, fungos, o próprio VSR ou outros agentes. Essas infecções podem evoluir com comprometimento da função respiratória e até levar à hospitalização sem outra causa específica, como explica o Ministério da Saúde. 

Mas não são só as crianças pequenas que estão sob risco. Embora elas sejam sempre lembradas nos casos de VSR pelo alto risco que correm, idosos e/ou pessoas com sistema imunológico enfraquecido ou doenças pulmonares ou cardíacas crônicas também podem sentir mais os efeitos desse vírus, ter maior chance de casos mais graves e, também, demorar mais a se recuperarem dos sintomas do que pessoas saudáveis. Nestas, os sintomas são geralmente leves e semelhantes ao resfriado, com a recuperação acontecendo em uma ou duas semanas, no máximo. 

Transmissão

Sua transmissão não difere de outros vírus respiratórios e se dá de pessoa a pessoa por meio de gotículas respiratórias eliminadas em tosse, espirros, fala ou de forma indireta como superfícies e objetos contaminados. Essas microgotas de secreção carregam milhares de vírus que podem sobreviver ali por várias horas. 

Há um período de maior transmissão? Novos casos (incidência) tendem a acontecer de forma semelhante aos de outros vírus respiratórios, como a gripe, e principalmente durante os meses de outono e inverno, ou seja, de março até agosto. Mas ele pode surgir fora de época, como foi o caso do início de 2023, e isso se dá porque pode ser transportado por pessoas que viajaram para o inverno no hemisfério norte, por exemplo.

Sintomas

Seus sintomas são os clássicos:

  • Nariz escorrendo (coriza);
  • Tosse e espirros;
  • Febre baixa;
  • Perda de apetite;
  • Cansaço;
  • Dor de cabeça e garganta.

Em casos mais graves, pode-se observar ainda sinais de alerta com: 

  • Respiração rápida ou dificuldade para respirar;
  • Chiado no peito (sibilância);
  • Retração da pele entre as costelas ao respirar;
  • Pele azulada, especialmente ao redor dos lábios (cianose);
  • Febre alta;
  • Batimentos acelerados das asas do nariz (adejo nasal).

No que prestar atenção? Fique atento: esses sintomas não aparecem de uma só vez, mas sim em etapas. Além disso, em bebês muito pequenos pode ser difícil de perceber que se trata de um vírus, já que os únicos sintomas podem ser irritabilidade, diminuição da atividade, da fome, dificuldade para mamar e dificuldades respiratórias – como ficar um tempo mais prolongado sem respirar (apneia). 

Diagnóstico

O diagnóstico é principalmente clínico, ou seja, é preciso estar atento e procurar um atendimento rápido e eficaz.

Exames laboratoriais com amostras de sangue ou de secreção nasal podem ajudar a identificar a presença do vírus ou de seus anticorpos, assim como a radiografia do tórax pode ajudar a determinar o diagnóstico. Isso é importante principalmente para alertar os órgãos de saúde sobre a ocorrência de surtos e somar nos dados das pesquisas feitas para que o Ministério da Saúde prepare campanhas.

Como tratar o VSR?

O VSR é um vírus que, na maioria dos casos, é sintomático. Isso significa que não há um tratamento específico e direto contra o vírus, mas sim caminhos que ajudam o organismo a se manter forte e amparado enquanto luta contra a doença. A medicação pode ser feita para lidar com o desconforto em si, como o controle de febre, coriza e outros sintomas. Garantir boa hidratação e a chegada de oxigênio aos pulmões são pontos fundamentais neste momento. 

Em casos mais graves, que apresentem o segundo grupo de sintomas mais intensos ou que se dêem em pacientes dos grupos de risco, podem ser necessárias intervenções mais sérias como internação em ambiente hospitalar, o uso de medicamentos mais específicos por via venosa, oxigenação, fisioterapia respiratória e, em raras situações, ventilação mecânica.

Como se proteger? 

O melhor caminho para lidar com vírus em geral, em especial os sazonais, é sempre a prevenção, principalmente para aqueles que, como o VSR, não induzem a imunidade permanente – ou seja, adoecer por ele uma vez não lhe protege por um período prolongado. Por isso, valem as dicas de ouro tão difundidas durante a pandemia, mas que se enquadram para toda a vida:

  • Lavar as mãos frequentemente e corretamente e usar álcool gel;
  • Evitar o contato com pessoas infectadas e, se não puder evitar, usar máscaras – exceto crianças com menos de 2 anos;
  • Evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos mal higienizadas;
  • Manter os ambientes sempre bem ventilados.

Por enquanto, a vacina específica para o VSR no Brasil estará disponível somente para gestantes, com o objetivo de proteger os bebês contra o VSR. Ela será oferecida pelo SUS e administrada por via intramuscular em dose única entre 24 e 36 semanas de gestação, de acordo com o período de maior circulação do vírus, que no Brasil varia de fevereiro a agosto, dependendo da região.

Há um medicamento disponível no SUS que pode ajudar a proteger bebês no grupo do risco, o Palivizumabe. Ele é administrado somente em unidades ambulatoriais ou hospitalares para grupos muito específicos e, de qualquer forma, se faz necessário a consulta com um médico para entender se é possível ou até necessário usá-lo. 

Portanto, fique de olho e não perca a chance de se vacinar ou ajudar aqueles que têm essa indicação quando for possível. Até lá, mantenha os bons hábitos de prevenção,sua carteirinha de vacinação em dia e cuide da sua imunidade!